A estratégia errada

Como professora que sou, tenho a triste mania de complicar a vida dos meus pobres alunos evitando as tradicionais aulas expositivas. Em lugar de lhes proporcionar 45 minutos de discurso e sublinhados no manual, o que não desgasta tanto aqueles frágeis cérebros, lá resolvo pôr-lhes à frente do nariz os terríveis documentos. Não satisfeita, ainda os obrigo a analisar os referidos documentos, sejam eles escritos ou iconográficos. Invariavelmente a estratégia dá para o torto, pois se tratando de documentos escritos, sem os habituais kapas e xis, a única que os compreende sou eu.
Ora um destes dias e por força da matéria em estudo - a arte do Renascimento - , lá resolvi pespegar-lhes com umas quantas imagens. O desafio foi lançado:"Descrevam este monumento."

As respostas foram surpreendentes:

Catarina: É grandeeeeee!

Pedro: É de pedra, não é stôra?!

Catarina: Então tu não vês que é de pedra?! E tem ali uns postes à frente...

Miguel: E tem janelas...estica assim como que para os lados.

O resto da turma mantinha-se em silêncio, tentando desvendar o mistério daquela estranha imagem. A culpa era minha, sem dúvida. Escolhera mal o monumento. Lá expliquei como pude, que os postes não eram o mesmo que colunas, etc, etc. Como sou optimista, embora de raciocínio lento, persisti no erro colocando outra imagem.

Miguel: Então...é uma pessoa com outra ao colo.

Catarina: És mesmo parvo, não vês que é uma mulher com um homem ao colo. Ele está a dormir ou está morto stôra?

Todos os factos aqui relatados são reais e os alunos não estavam a tentar destabilizar a aula. Foram dadas as devidas explicações, naturalmente, e feita uma ficha utilizando exactamente as mesmas imagens. Inútil. Uma vez mais tive que explicar que os postes não são o mesmo que colunas.