domingo, agosto 31, 2008

Homem Sofre (episódio 2)

Euclides não conseguiu dormir na sua primeira noite.
Para além da senhoria deambular pelo sótão semi nua e (muito mais que semi) embriagada, havia a ansiedade do primeiro dia de trabalho. Ao jantar comera uma sopa de couve e feijão, especialidade da sua mãe e que ele era grande apreciador.
Mas a ansiedade e a digestão do jantar provocaram-lhe um ataque de aerofagia. Euclides por receio de sair a voar, colocara o cinto das calças preso à cama e usara o cinto como amarra. Só se lembrou de abrir a janela das águas furtadas quando reparou que no quadro, que estava por cima da cómoda do quarto, com uma jarra de flores pintada as pétalas da tela estavam
a murchar e as melgas batiam desesperadamente no vidro da janela em sofrimento e sacrifício para ir apanhar ar fresco na rua.
De madrugada levantou-se, trémulo nas pernas pela ansiedade, retorcido e de andar bambo pelo desgaste que o gás a sair em alta pressão lhe provocou no esfíncter.
Pálido e de ar soturno, devido ao excesso de unalação de metano orgânico, dirigiu-se ao WC. A mão tremia-lhe tanto que a fazer a barba fez duas tangentes à jugular que o fizeram temer pela própria vida. Ao sair passou pela inanimada senhoria que jazia no corredor entre o bengaleiro e um louceiro, e ganhou coragem para ir apanhar o metro ao Martim Moniz.
A nova vida ia começar…


E como dizem por aí


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