segunda-feira, julho 21, 2008

Retalhos da Vida de um Homem - II

Excertos da obra autobiográfica de Florildo Atazanado, poeta e escritor oriundo da Ribeira dos Encalhados, falecido este ano com uma apoplexia fulminante após ter deitado abaixo sete pratadas de Transmontana.

Não era homem daqueles expedientes, até porque tivera uma boa educação à antiga portuguesa, mas estava desesperado. Há coisa de umas três semanas, por indicação de um colega, encomendara pela Internet umas pílulas azuis que, supostamente, faziam milagres. "Ouve meu, vai por mim." dissera-lhe o tal colega a meia voz enquanto aliviavam a bexiga no urinol do emprego "Tu tomas aquilo e dás cabo da gaja em três tempos. Ficas uma bomba sexual!" Maldita a hora em que seguira aquele conselho. As tais pílulas em vez de lhe darem o alento perdido para a mocada, provocaram-lhe uma diarreia explosiva e, ainda por cima, teve de aturar as bocas da megéra por causa das paredes borradas da casa-de-banho. "Porcalhão!" guinchava ela " Não só não te desengomas na cama, como ainda tenho de gramar com isto!"

Há vários meses que andava com aquele problema...Não lhe apetecia...simplesmente não estava para ali virado, para os precisos que a vida conjugal exigia. Era uma chatice! No trabalho, nos dias em que ia à bejeca com a malta, depois de um jogo do Benfica, ouvia-os a gabarem-se das suas respectivas performances sexuais e sentia-se acabrunhado. Para não ficar mal lá alinhava no despique do "Eu fiz..." e "Aconteceu...", "Foram pr'aí umas sete vezes, mas eu gozei nove." Tretas! Tudo tretas que ainda o deixavam mais deprimido, sobretudo porque suspeitava que se andavam a enganar uns aos outros e que a realidade era bem diferente daquela que alardeavam. Apetecia-lhe um desabafo, mas não tinha coragem pois seria achincalhado por todos. O que fazer então? (...)

Dia 24 de Junho: fez de conta que já estava a dormir e até lançou uns roncos pouco convincentes. Sentiu-a a rondar, desinquieta, às reviradelas na cama. (...)

Dia 25 de Junho: tudo deitado, silêncio na casa. Pôs a trabalhar o dvd que trouxera escondido na mala do portátil -"Extâse Sexual da Macumba - VIII". Adormeceu. De manhã acordou com a mégera aos gritos de "tarado".

Dia 26 de Junho: queixou-se muito de que lhe doía a anca. "Dei um jeito no trabalho e agora estou aflito. Tu nem imaginas o que a malta atura por lá!"

Dia 27 de Junho: (...) A megéra saiu de casa toda aperaltada. Esta noite vou ter descanso.

Dia 28 de Junho: Está mais calma. Hoje de manhã até me sorriu e perguntou-me se queria feijoada para o almoço. Esta inconstância feminina põe um gajo louco!

1 comentário:

Anónimo disse...

Quero mais!! Maeve, estás em grande!

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