segunda-feira, julho 07, 2008

A sala de espera

Falei no outro dia sobre a minha estada no centro de saúde, e não foquei o ambiente social que se vive por lá. A coisa mais espantosa que vi foi o efeito catalisador que exerce no "paciente" o acto de abertura da porta do centro de saúde.
Até o idoso que se queixava da sua ciática e que tinha duas canadianas (vulgo muletas), usou as mesmas como apoio de direcção, assentou a potencia dos seus dois calcantes e até pela direita efectuou ultrapassagens, só para poder ser dos primeiros a ser atendido.
- "É para o apanhar ainda folgado" - dizia com ar entendedor e experiente.
Mas as pérolas maiores estão guardadas para quando está tudo sentado à espera da vez na sala de espera.
As trocas de dores e receitas são um manancial informacional, só ao alcance dos mais entendidos e expressões como:
- "O meu receitou-me Buscopan...";
- "Por vezes quando levo o supositório fico com umas ansias...";
seguidos de olhares consternados e sabedores são comuns.
A troca de receitas é outra manifestação de conhecimento, sendo corrente efectuar correcções aos diagnósticos e receituários dos profissionais da saúde, por parte destes sábios cuja grande virtude é o acumular de conhecimento com base no que vêem e ouvem na sala de espera corroborado com as suas próprias consultas.
Expressões como:
- "A mim não me engana ele";
- "Eu pedi-lhe que me receitasse isto ou aquilo";
são igualmente comuns e vulgares neste estágio da espera.
Com tanta falta de médicos e profissionais da saúde, ao invés do Ministério ir contratar espanhóis ou imigrantes de leste de qualidade duvidosa, porque não dar emprego a tanto portador deste tipo de conhecimento?

Seria um grande impulso.


E como dizem por aí
Bonjour para ti também

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