quinta-feira, junho 07, 2007

Crepe nocturno

Ontem depois de jantar e a dar a costumeira volta para o café após o jantar. Tive a triste ideia de ir comer um crepe com a minha sobrinha.
Nunca pensei que o simples acto de comprar um crepe acarretasse tanta escolha e fosse tão difícil satisfazer um pequeno pedido como esse. Em primeiro lugar tive que conseguir me entender com o empregado brasileiro (não é que tenha alguma coisa contra eles, mas decididamente aquela algaraviada cantada deles não é português), e quase que recorri a um tradutor.
Depois tive de escolher perante uma panóplia de sabores:
- cereja;
- doce de ovos;
- morango;
- chocolate;
- amora;
- ...
e ainda havia a a hipotese do crepe ser salgado (contém fiambre ou queijo ou ambos).
Como nunca tinha visto um sabor de amora nos crepes optei por esse, pois calculei que um crepe quentinho com sabor de amora devia dar direito a uma linda, subita e aflitiva diarreia.
Na realidade, na mesa ao lado vi uma rapariga que se levantou de repente, pôs um dedo no cú e abalou a fugir de olhos esbugalhados (deduzo eu que para o WC mais próximo) após comer um cujo o recheio parecia ser o de amora, o que me decidiu experimentar essa sensação.
A seguir assisti a um decrépito espectáculo de ver uma pessoa tentar fazer um crepe que percebia tanto o que estava a fazer como eu percebo de bordados.
À milésima tentativa lá a massa ficou minimamente decente para poder a seguir pôr o recheio. No recheio seguiu-se outra conversa inteligente entre o fazedor do crepe e o ajudante, e que passo a citar:
- "Ei, esse não é o doce de amoras, é o de cereja!"
- "Ué, como 'cê vê isso? Eles são da mesma cor."
- "Pois mas o de cereja não têm caroço e de amora têm."
Na minha terra quem tem caroço é as cerejas e não as amoras. As amoras têm grainhas, um dos motivos que me levou a escolher esse doce, pois após o crepe teria meia hora de entretém a tirar as grainhas dos intervalos dos dentes.
Finalmente ficou pronto o crepe. Quando me chegou às mãos e provei ficou com a sensação que estava a comer uma folha de papel quente com recheio de amora.
Foi sem dúvida o pior crepe que comi e não tenho dúvidas que vou passar a não recomendar aqueles crepes.
Valeu sim pelo espectáculo de azelhice e estranheza que houve antes de o crepe me chegar às mãos.

5 comentários:

Anónimo disse...

Como te compreendo! Tenho algumas experiências semelhantes. Só para te dar uma ideia, cheguei a ir pagar a conta do restaurante à esquadra da polícia para conseguir que o proprietário me apresentasse o livro de reclamações. É o Algarve que temos...

Bandido disse...

Mas se eu falasse "all right", "good morning", ..., se calhar até me estendiam o tapete vermelho.

Anónimo disse...

Eu nunca compreendi, pq um país com tanta praia ( até no Alentejo e bem bonitas e boas por sinal) vai "sofrer" para um pedacinho só! Será q por ter palmeiras e mta relva, mto estrangeiro e mto golf o pessoal pensa q saiu do país sem gastar mto dinheiro? Tanta praia ( de mar, fluvial e até albufeiras) precisam de fugir para um dos sítios menos acolhedores, mais supostamente sofisticados e incrivelmente mais caros? Nunca percebi pq o português gosta de se martirizar... Isto dava uma boa tese...

Bandido disse...

Somos um povo que gosta de fado....

Anónimo disse...

Essa resposta foi muito boa mesmo! tens toda a razão!!!

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