quarta-feira, junho 11, 2008

Condomínio ou a dificil arte de aturar o vizinho - I

Para quem tem o azar de ter de morar num condomínio de apartamentos, sabe bem o quanto podem ser complicadas as relações de vizinhança. O principal cerne das quezilias é normalmente o ruído produzido fora de horas ou dentro delas, mas as queixas podem alargar-se a animais domésticos, roupas aviltadas nos estendais e lixos atirados para terraços. Como em tudo, temos sempre tendência para reparar no que fazem os outros e esquecemo-nos daquilo que nós próprios fazemos. Por isso e a bem de uma boa vizinhança, o respeito, a tolerância e o diálogo, são fundamentais.

Aqui há uns anos atrás, passei por uma situação algo assustadora. O administrador do condomínio veio ter comigo e avisou-me de que havia uma queixa por causa do barulho das obras que eu fazia em minha casa à noite. Bom, acontece que eu não tinha obras em casa e ainda por cima estava a chegar ao final de uma pesada gravidez, pelo que me era de todo impossível andar a arrastar móveis e muito menos à meia-noite. A coisa ficou assim, até que um dia, pela 1h da manhã, a polícia me bateu à porta. O meu aspecto, em camisa de dormir e com uma enorme pança, deve ter dito tudo pois, muito timidamente, os agentes perguntaram se eu tinha obras em casa...que tinha havido uma queixa indicando o meu andar. Eu estava sozinha, com uma filha de 4 anos, pois o meu marido nessa época trabalhava por turnos. Contudo, convidei os agentes a entrar para que verificassem que não havia quaisquer obras na casa.
O problema não ficou por ali. Dias depois recebi um telefonema anónimo - uma voz de mulher proferiu a seguinte ameaça: "Ou paras com o barulho ou a tua filhinha morre." Assustada, fui a correr ao posto da PSP e presentei queixa, contudo e por haver falta de dados concretos e provas, fui dissuadida de qualquer resultado.
Resolvida a deslindar o caso e porque nem o administrador do prédio, nem a polícia, me haviam facultado a origem da queixa, resolvi investigar por conta própria. Ora, a criatura que me telefonara tinha sotaque africano e através de perguntas quer a vizinhos, quer às mulheres que faziam a limpeza do prédio, acabei por descobrir que, dois andares abaixo do meu, morava uma senhora de origem africana e que por sinal já fizera comentários sobre ruídos nocturnos de obras.
De posse desta informação e determinada a acabar com tamanho disparate, fui bater-lhe à porta. "Sou a vizinha do 6ºE e temos de falar, minha senhora." disse eu. Silêncio. Por detrás da porta, que se mantinha fechada, ouvi o suave movimento de um corpo e o ruído de algo a cair. A vizinha, não parecia disposta a resolver fosse o que fosse, pelo que tive de ser mais contundente: " Olhe, na minha casa não há obras. Se me volta a ligar e ameaçar de morte a minha filha, faço-lhe uma espera e parto-lhe essa cabeça louca. Já apresentei queixa na polícia, por isso já sabe."
Nunca mais tive chatices com as alucinações da minha vizinha e meses depois mudei de casa. Contudo, uma pergunta ficou no ar - como tinha ela conseguido o meu número de telefone? Curiosamente só o administrador do condominio o tinha!

2 comentários:

Anónimo disse...

hello


Just saying hello while I read through the posts


hopefully this is just what im looking for looks like i have a lot to read.

Anónimo disse...

Shalom

It is my first time here. I just wanted to say hi!

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