quinta-feira, junho 12, 2008

Os kotas querem-se...kotas.

O que é isso de ser "kota"? Em adolescentês significa ser "velho", "ultrapassado" e o termo é aplicado a qualquer pessoa, familiar ou não, com 30 ou mais anos (às vezes menos). Até aqui nada de novo, pois desde os anos 60 do século passado que começaram a ser usadas determinadas palavras pelos adolescentes e afins, não apenas para fazer a distinção entre os jovens e os menos jovens, mas também para salientar uma suposta postura moderna/revolucionária por oposição a uma outra tracionalista/reaccionária. Termìnologias à parte, é desta matéria que surgiram algumas das mudanças mais profundas na sociedade ocidental actual, do confronto entre o "novo" e o "velho", dessa arrogância própria de quem é jovem em termos etários e se julga capaz de mudar o mundo. O século XX foi fértil em movimentos estudantis, modas, estilos de vida alternativos, mas ninguém obrigava os "velhos" (termo muito usado, então) a ser velhos. Hoje, o "kota" é obrigado a ser "kota", sob pena de ser apontado a dedo e criticado por não andar a arrastar as pantufas pela casa.
Aqui há dias, numa conversa informal de pastelaria, uma jovem dos seus 15 anos desfazia na mãe de uma colega. Afirmava ela que a dita senhora era maluca, porque vestia tops como a filha e andava de barriga ao léu e dizia isto com o ar mais escandalizado que se possa imaginar. Mas, este é apenas um exemplo de muitos. Uma/um "kota" ser apanhado na Net em jogatanas virtuais é, no mínimo, uma heresia e os seus gostos musicais não podem, nem devem passar, do Toni Carreira.
Os "jovens" de hoje acreditam ser revolucionários, mas a sua revolução apenas se limita ao facto de começarem a beber alcool e a consumir drogas um pouco mais cedo do que nós, os "kotas". Raros são os que pegam num livro ou manifestam algum interesse por algo mais do que as telenovelas, o futebol e as ditas modas, na sua maioria um misto de vestuário usado em movimentos culturais ou pseudo-culturais com 20 ou mais anos de vida. Ficam-se pela prática num teclado de telemóvel e pouco mais. Claro que há excepções e nem pretendo eu aviltar a imagem desta "juventude" a meu ver preconceituosa e algo desnorteada. O que eu quero é que não me obriguem a ser "kota", que não me ostracizem por gostar de Scooter e Tiesto, por delirar com jogos virtuais e querer andar de "perna à vela" quando o calor aperta. Haja modernidade..."juventude".


Sem comentários:

Curiosidades

Teste a velocidade da sua ligação

Origem dos visitantes